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[RESENHA] Um lugar silencioso: Dia um (2024)

[RESENHA] Um lugar silencioso: Dia um (2024)

O primeiro filme da franquia "Um lugar silencioso" foi algo muito inovador, trazendo uma nova camada sensorial para o cinema de ação/pós-apocalíptico/suspense. Lembro da sensação na sessão de cinema onde uma pessoa, na fileira de trás, tinha comprado uma pipoca gigantesca, e simplesmente decidiu parar de comer porque a sala estava em absoluto cinema.

O segundo filme seguiu a mesma lógica, e, apesar de estar longe de ser um filme ruim, não trouxe nada além de expansão da lore do universo. Mas do ponto de vista narrativo, apenas manteve tudo que já tínhamos visto, por isso eu o achei pouco inspirado.

Agora, o terceiro filme, que funciona como um prequel, consegue não apenas expandir a lore do universo, como trazer uma nova camada sensorial, igualmente ao primeiro "Um lugar silencioso". Diferente de seus antecessores, em que o silêncio já estava estabelecido como algo necessário, esse filme conta com o conhecimento do espectador sobre como as criaturas funcionam, mas em um contexto que os personagens não sabem dessa informação. Isso traz uma nova sensação de tensão para nós. É o velho caso da bomba embaixo da mesa que o Hitchcock comentava: se o espectador e os personagens não sabem que existe uma bomba que está para explodir embaixo de uma mesa de jantar, nós temos apenas um jump scare; agora, se o espectador sabe, mas os personagens não, então temos um cenário de tensão. É essa nova camada que esse filme adiciona à franquia.

Além disso, como esse é o "Dia um", nós temos uma quantidade de volumes altos que contrastam absurdamente bem com os silêncios da franquia, como as cenas em que helicópteros e aviões passam com megafones e logo são destruídos. Por mais que não estejamos vendo, eu acho incrível a sonoplastia aqui.

Como se tudo isso não bastasse, o novo capítulo da franquia consegue nos entregar personagens igualmente carismáticos. Lupita está monstruosa com sua atuação bastante física, passa completamente a mensagem de alguém debilitado por uma doença, mas com muita força. Já Quinn entrega tudo em suas feições pra lá de carismáticas. Além, obvio, da inserção de um animal de estimação que faz sentido neste mundo, uma vez que gato é um dos pets mais silenciosos que existem, diferentemente de cachorros, por exemplo. Assim, com esses personagens estabelecidos, fica impossível você não ter um mínimo de envolvimento emocional com qualquer um deles.

E vale dizer que esse filme tem uma das melhores cenas finais da história do cinema de pós-apocalipse. Simplesmente genial!

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